WD é a grande aposta musical da Universal Music Brasil para o ano de 2022, o cantor que assinou seu contrato recentemente, lança seu primeiro single com a gravadora, enaltecendo suas as raízes, contando sobre a cultura presente nas comunidades e fazendo críticas sociais quanto à administração do Estado.

“Periferia” foi lançada nesta sexta-feira, e é um grande feito para a carreira do cantor, que fazia suas músicas de forma independente e agora comemora mais um sonho realizado. O projeto além de ter imagens e estética única, retrata um enredo baseado em fatos reais, deixando uma mensagem e uma crítica social.

WD participou da 10ª temporada do The Voice Brasil, onde conseguiu conquistar mais fãs, e esse momento foi muito importante como artista, logo, conseguiu retratar em seu vídeo clipe, com um garotinho assistindo televisão e vendo sua performance nas audições às cegas.

Na véspera de seu lançamento, nós do LB tivemos a oportunidade de bater um papo com o cantor, que contou um pouco desse novo projeto:

LB: O título do single em si já retrata uma crítica social, gostaríamos de saber como foi feito essa escolha e porque “Periferia”?

WD: “Periferia” nasce quando eu volto para o Brasil, volto pra minha cidade, e eu me deparo com alguns problemas que nunca mudaram. Sabe quando você vai embora e quando você volta se depara com aqueles problemas, repara que muitas coisas nunca mudaram, nunca aconteceu, eu pensei que preciso falar sobre isso, e eu percebo que a palavra periferia tem um significado muito forte, porque quem tá na periferia não tem a percepção.

Vendo tudo isso acontecer, eu percebi que quem tá na periferia não tem a percepção, e quem tá na extrema periferia tá vivendo quase a margem da sociedade, vivem das migalhas de atenção do governo, migalhas de atenção do ensino, da saúde, então foi vivenciando tudo isso que eu decidi escrever sobre periferias, por isso que eu falo “muros a se construir de um passado presente”.

“Luto pra não ser uma estatística e de fato eu sou um vencedor porquê de fato eu tenho 29 anos e não morri, em  um país que mata preto a cada 26 minutos, que mata LGBT a cada 25, então eu sou um sobrevivente, eu não morri, então só pelo fato de estar vivo eu preciso fazer com que outras pessoas vivam esse momento”, conta WD.

LB: Como que está sendo para você lançar seu primeiro single após assinar contrato com a Universal Music?

WD: Está sendo muito interessante, esquisito, porque eu trabalhei sozinho por 14 anos, agora dia 3 faço 15 anos de carreira e tem sido esquisito, mas é um esquisito bom, deixar de ser meu próprio empresário e começar a ser empresariado por um time muito grande tem sido uma experiência muito bacana, de fato eles compraram o meu barulho, eles falaram ‘não, o que você está fazendo é genuíno, o que você está fazendo é real e a gente quer comprar esse barulho’, e de fato eles compraram esse barulho, tem sido muito especial, eu tenho um time que de fato acredita muito no meu potencial, no meu trabalho e na maneira como eu enxergo as coisas.

Está sendo muito novo, tá sendo bem inusitado, bem esquisito se é que eu posso dizer, não tá no controle, ainda mais eu que sou uma pessoa super centralizadora, que tem o hábito de saber exatamente de tudo que tá acontecendo, tem sido um esquisito muito bom.

LB: Os anos 2000 é uma temática escolhida para essa era que está iniciando ou apenas para algum momento do clipe?

WD: Os anos 2000, é basicamente quando eu tô crescendo, eu fui muito injetado de cultura do mundo inteiro, diversos estilos, eu gostava muito de estilos de música, de tudo que era gênero, e a gente recebia muita influência de música latina, como Shakira, o próprio Rick Martin, Ragatanga, Baba Baby, então eu bebi muito dessas influências, aí eu quero homenagear, ser saudosista aos anos 2000, homenagear esse processo que foi muito especial. Essas faixas que faz essa alusão, faz essa conexão aos anos 2000, porque eu sou um cara dos anos 2000 então eu acho que é isso.

A gente trouxe no look de “Periferia” já, a abertura porque Beyoncé é meu ícone da música, é meu ícone da indústria então eu acabo que me inspirando nela pra fazer um dos looks do videoclipe.

LB: Quais foram suas inspirações para esse projeto, visto que foi baseado em fatos reais?

WD: O projeto inteiro é baseado em fatos reais, todas as faixas, todos os projetos que a gente vai trazer, eles são baseados em fatos reais, e esses fatos são minha vida. A gente soltou agora os 3 teasers falando da periferia, e falando como essas taxas e esses índices interferem diretamente na vida de quem mora na periferia, então as minhas inspirações tem sido as minhas vivências, as minhas experiências como artista, como ser humano, como ser social, como filho, como neto, como sobrinho, como primo, como amigo, então essa tem sido as minhas inspirações pra fazer esse projeto, pra fazer “Periferia” nascer assim.

“E eu só peço Deus, que guarde a periferia”

Eu nunca joguei futebol, nunca gostei, mas eu via que na periferia que tinha gente que sempre sonhou, e sempre foi impossível, por isso que eu falo na música “Pés descalços, sonho de um jogador, falta casa” e de fato é isso, minhas inspirações é o que eu vejo ao meu redor. Hoje por mais que eu tenha contrato muito grande com a maior gravadora do mundo, eu sigo vivendo na periferia, sigo morando na periferia, então eu continuo vivendo tudo isso, vendo tudo isso acontecer, é uma maneira de chamar atenção para os Poderes sabe, as minhas inspirações é a verdade, o que acontece de fato.

LB: Você comentou um pouco sobre os teasers, que teve uma grande produção e uma crítica social, então gostaríamos de saber como surgiu a ideia das vozes de crianças para os teaser do single, quem são? Como que foi? Quem são elas?

WD: Meu sobrinho Isaac, é a voz dele. Os meus 6 aos 14 anos foram muito marcantes pra mim, aos 4 eu descubro a arte, mas aos 6 anos é quando de fato ela de fato floresce, de fato ela se torna algo vibrante dentro de mim, e como eu queria homenagear os anos 2000 eu trouxe um pouco do garotinho que cantava “Dance potranca, dance com o meu som, eu sou o Jonathan”, a gente colocou no instrumental da música, na base e tem um “beatzinho” desse funk dos anos 2000. Eu queria muito trazer uma voz de uma criança, porque a criança é a gênesis do problema, se a gente conseguir mudar de fato o pensamento de uma criança, se a gente conseguir entrar de maneira intrínseca na cabeça de uma criança e fazer com que ela entenda que ela é sim uma voz da resistência preta, que ela é da periferia sim, e que um sonho pode sim se tornar realidade quando ele se torna o objetivo, eu falei então eu preciso de uma criança fazendo essa oração junto comigo, e a música de fato é uma oração, é um pedido a Deus, é a minha crença, é a minha fé, então eu quis colocar uma criança justamente pra representar, pra simbolizar isso sabe, essa voz que necessita ser escutada e ser atenta desde muito cedo.

Tudo começa na criança, nosso projeto “Fortaleça uma periferia” que anda pelas escolas, é um projeto que a gente tem, que eu tenho desde 2018, e eu entro nas escolas públicas de 14 a 18 anos, e ali eu sento e falo sobre a minha vivência, falo como é ser um artista independente, agora um artista dentro de uma multinacional né, e eu troco com eles, porque eu sei que ali se eu conseguir mudar a vida de uma criança com as minhas palavras eu sei que ela vai mudar a vida de outra e a gente consegue resolver o problema não do mundo todo, mas do meu mundo, do mundo dela e aí a gente consegue proliferar o amor, a verdade, a fé, a força, a união, que é sobre isso o meu trabalho, descobri que não é sobre mim, e quando eu descubro que não é sobre mim, é sobre o outro. Ser artista é sobre servir e  quando eu entendo isso, eu escrevo periferia, sobre evolução, de servir a sociedade, de servir o ser humano, e a criança tem essa função de trazer essa ideologia, eu preciso dar a voz a uma criança.

Créditos @heybabss

Créditos @heybabss

LB: É o começo de uma nova etapa na sua carreira, gostaríamos de saber quais são suas expectativas e o que podemos esperar do WD?

WD: Eu assinei agora com a Universal e a gente tá muito encabeçado nesse projeto que é muito especial, que é muito lindo, um projeto que eu viajo o Brasil inteiro nas escolas, e eu quero de fato que essas crianças vejam isso, me vejam lá na TV e me vejam junto com elas, podendo trocar essa experiência e podendo falar com elas, então agora a gente já volta com o Projeto Fortaleça a Periferia, e tem a tour Periferia só com gente da periferia, minha produtora, o meu ballet, o meu produtor de show, eu consegui trazer todo esse time que já trabalhava comigo para o time da Universal, então a gente somou forças. Logo menos também teremos a grande faixa que vem pós Periferia, e todos os trabalhos que vem chegando, muita música nova, muito conteúdo incrível.

“A gente vive em um mundo que é muito cruel com o ser humano, com o SER humano, quando a gente parte para as pessoas que nos representam ela se torna mais cruel ainda, então a mensagem que eu posso deixar é, se um preto chegou, se uma pessoa com todas as minorias embutidas em si chegou, fortaleçam a periferia!”, diz.

WD tem mais de 85 mil ouvintes nas plataformas digitais, mais de 5 milhões de visualizações em seu canal oficial do YouTube e as suas redes somam mais de 1 milhão de seguidores que acompanham o seu trabalho.