Após sucesso com “Coisa Mais Linda”, a produtora Prodigo Filmes continua parceria com Netflix. A escolhida da vez é “Cidade Invisível”, que mostra grande potencial de seguir com o sucesso da parceria. A série já está disponível no catálogo global da Netflix desde 5 de fevereiro.

A produção é a primeira live-action do diretor Carlos Saldanha. Isso porque ele trabalha com animação há quase 30 anos e ficou conhecido também pelos sucessos “Rio”, “A Era do Gelo” e “O Touro Ferdinando”. Além do diretor, o elenco também conta com grandes nomes da teledramaturgia brasileira. Estrelando Marco Pigossi (Eric) e Alessandra Negrini (Inês), o público um pouco mais velho consegue identificar também outro grande ator das telinhas: Fábio Lage (Iberê). Mesmo com elenco que dá um verdadeiro show de atuação, o cast deixou a desejar no quesito diversidade. Contanto as histórias folclóricas brasileiras, só é possível acompanhar dois personagens negros, Camila (Jéssica Corés) e Isac (Wesley Guimarães).

Carlos Saldanha e Marco Pigossi em set de “Cidade Invisível” (Foto: Divulgação)

O enredo gira em torno do policial Eric, que perde a esposa, Gabriela, logo no começo do primeiro episódio. Obcecado pela investigação do ocorrido, ele começa a traçar paralelos com outros casos e mortes que acontecem aos redores e fenômenos aparentemente sem explicação. No decorrer da série, Eric acaba entendendo mais sobre as entidades, sua própria origem e a ligação de sua família com o que está acontecendo.

ALERTA DE SPOILER

Mesmo ambientada no Rio de Janeiro, um dos pontos positivos da série a se destacar é que ela fugiu dos cenários mais conhecidos, como Copacabana, Ipanema e Leblon. Dois lugares importantes para a história são a Vila Toré e Lapa, que inclusive abriga uma ocupação que é lar de Isac, vivido por (Wesley Guimarães) e Irêbe, personagem de Fábio Lage. Por mais que a série se passe no Rio de Janeiro, as gravações (que duraram cerca de 3 meses) foram alocadas em São Paulo, Ubatuba (litoral norte de SP) e Rio de Janeiro.

Cidade Invisível” segue mesmo formato de “Sabrina”: traz histórias folclóricas para os dias atuais. Saci pode ser visto correndo pela cidade com sua prótese, a sereia Camila é cantora no bar de Inês, onde Tutu é uma espécie de segurança. A ideia de Saldanha, segundo ele, era “dar uma roupagem contemporânea, nova, falar de folclore, mas não ser uma coisa infantil”.

Personagens, da esquerda para direita: Isac, Tutu, Inês, Camila e Manaus (Foto: Divulgação)

Sobre os personagens

Apesar de ter personagens conhecidos pelo público, os internautas tiveram dificuldade ao reconhecer  alguns outros. Isso porque a Cuca foi representada de uma maneira totalmente diferente da imagem que os brasileiros têm. Graças à obra infantil de Monteiro Lobato, “Sítio do Picapau Amarelo”, a personagem ficou remetida a imagem de um jacaré com cabelos loiros, enquanto na história original, ela é retratada como uma bruxa. Na série, a Cuca é Inês, uma feiticeira poderosa que, segundo sua intérprete, é uma espécie de mãe para as outras entidades. Outro personagem que muitos não conseguiram identificar foi Tutu, vivido por Jimmy London. Tutu é o Tutu-Marambá, uma espécie de “irmão” do Bicho-Papão. Ele se transforma em bichos, enquanto o Bicho-Papão se transforma em qualquer coisa que traga medo. para sua vítima. Outro desconhecido do público é uma das entidades principais dessa temporada: o Corpo Seco. No folclore brasileiro, o Corpo Seco é um homem muito mal, que morre. E por ser tão mal, nem o céu, nem o inferno o aceita, por isso ele permanece na Terra. Porém, nem a Terra o aceita. Então, sua alma vaga pelo mundo instaurando o caos por onde passa. E não é por menos! Por mais que a série gire em torno dos mitos do folclore brasileiro, os personagens têm suas apresentações muito rápidas.

Recepção do público

Um dos pontos que mais impressionou o público brasileiro foi os efeitos especiais e a tecnologia utilizada, além da abertura super bem feita que consegue retratar o tema dos episódios em menos de 1 minuto. Estreando no top 10 da Netflix em mais de 40 países, o público internacional também tem sua parte favorita. A cena em questão é de Camila e Eric no bar de Inês, em que a sereia canta “Sangue Latino”, da banda Secos e Molhados, para o policial. Com música de Os Mutantes, a trilha sonora da série é outro ponto positivo.

Jéssica Corés e Marco Pigossi gravando “Cidade Invisível” (Foto: Reprodução/Instagram)

Veredito

De modo geral, o enredo é bom mas o desenvolvimento é lento em alguns episódios. Um personagem, porém, parece ter sido deixado de lado. Manaus, teve seu mérito na série mas sua importância na vida de Eric foi pouco explorada. Muitas pontas e questionamentos ainda permanecem sem resposta, o que é esperado de se desenvolver e ser explorado numa segunda temporada. “Cidade Invisível” consegue misturar suspense policial com fantasia, sem deixar um aspecto infantil. A produção em si é ótima e mostrou, mais uma vez, a qualidade de um produto brasileiro ao mundo, e dessa vez com efeitos gráficos bem feitos e realistas. Outro mérito é a atuação do elenco, inclusive de Manu Dieguez, atriz de apenas 11 anos que interpreta Luna. A atriz mirim já atuou também em novelas, como a maioria do elenco, ficando conhecida por “Carinha de Anjo”.

A primeira temporada de “Cidade Invisível” já está disponível na Netflix com 7 episódios de aproximadamente 40 minutos cada.

** Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Latinos Brasil.