O aniversário é da cantora Halsey, mas quem ganha presente são os fãs. No último dia 29 de setembro, a cantora americana completou seus 27 anos. E para celebrar, ela decidiu compartilhar com os fãs seu novo filme “If I Can’t Have Love, I Want Power”, que divulga seu último álbum de mesmo nome. A produção audiovisual ficou disponível globalmente por 48 horas na plataforma Moment House. E como o Latinos Brasil não poderia ficar de fora, assistimos o filme e contamos mais para vocês.

Na produção, Halsey se mostra uma artista completa: canta, escreve, produz, maquia e, principalmente, atua (e muito bem). Naturalmente, a cantora estrela a produção e promete ter tudo o que é necessário para uma carreira bem sucedida também nas telonas. E em dose dupla: ela interpreta as duas personagens que estampam as capas do álbum.

 

*Pode conter spoiler e gatilhos de violência e morte

 

If I Can’t Have Love, I Want Power

Com toda força, Halsey celebra a força da mulher nesta produção. Aqui, a nudez não aparece de forma erótica e exagerada, e sim endeusando (de certa forma) as mulheres, que são, aliás, grande parte da história. O filme retrata toda a pressão e sofrimento que as mulheres carregam à séculos na história. Justamente por isso, talvez, Halsey mergulha no universo medieval e renascentista para trazer a vida seu álbum visualmente. Fato que precisou de muitos estudos, não só para a atuação, mostrando os hábitos da época, mas para contar a história com riqueza de detalhes. Inclusive de forma visual. Há momentos em que runas aparecem, em um “rito” com ela já grávida.

(Reprodução/Moment House)

Se você for uma pessoa sensível, com certeza o filme não é recomendado. E não pela nudez, e sim pelo conteúdo. Como já mencionado, Halsey traz o foco para as mulheres. No filme, podemos acompanhar sua jornada e a cada “capítulo”, a história se encaixa como um quebra-cabeças e tudo faz sentido no final. Desde violência doméstica à estupro matrimonial, a artista conta como as mulheres sofrem e são exigidas a agir. Já que, ao se tornar viúva, sua personagem se liberta e realiza suas vontades, incomodando a corte. Agir de acordo com suas vontades e falar o que pensa se torna um crime, que ela paga com a vida. Outro ponto marcante da obra, é o fato de que se seu bebê fosse menina, também não sobreviveria, apenas um rei poderia reinar, mostrando escancaradamente todo o machismo existente.

Sua gravidez, aliás, é um dos grandes pontos altos do filme. A obra audiovisual e seu álbum foram produzidos enquanto a cantora estava grávida de seu primeiro filho, Ender Ridley. Mostrando mais do que força, Halsey mostra também coragem. Se é difícil para mulheres atuarem completamente nuas diante das câmeras, imagina estando grávida. Além de confiança, ela se mostra muito segura e confortável em sua própria pele e mostra a beleza natural da mulher, gerando outra vida. Certamente, Ender terá orgulho de assistir esse filme no futuro.

Fugindo de estereótipos, em “If I Can’t Have Love, I Want Power”, ela retrata bruxas poderosas que a ajudam em sua jornada, sendo ela mesma uma. Essa força só mostra o poder, não só das mulheres, mas como das mães, que fazem de tudo pelo seus filhos, até depois da morte.

(Reprodução/Moment House)

No geral, o filme resume muito bem sua própria música: “I am not a woman, I’m a god” (tradução livre: Eu não sou uma mulher, eu sou um deus). Após a experiência visual, as capas do álbum se tornam bem mais marcante e significativas.

 

Sobre a produção

Toda a produção deve ser lembrada. Com figurino, cenário, atuação e montagem impecáveis, a maquiagem também não fica para traz. Mas esta, a glória deve ser dada à própria cantora. Halsey lançou sua própria linha de maquiagem, responsável pela beleza do filme.

O que pode surpreender muita gente é o fato das músicas não aparecerem na mesma ordem em que são apresentadas ao público no álbum. Mas a ordem em tocam dão ritmo e sentido à história. A maneira como aparecem também são surpreendentes. Se você espera um grande musical, suas expectativas serão quebradas, já que Halsey não performa em momento algum. As músicas servem literalmente como trilha sonora.

Apesar de ter um bom ritmo, o filme é cortado em vários momentos por uma longa tela preta, mudando completamente os assuntos e quebrando o ritmo, deixando cenas com pontas soltas. O que não impacta diretamente na história, já que a narrativa é apresentada perfeitamente. O que é preciso, porém, é que o público tenha um bom entendimento e interpretação.

 

** Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Latinos Brasil