Hoje, dia 20 de abril, comemoramos o Dia do Disco, que segundo a Funarte (Fundação Nacional das Artes) é uma homenagem ao cantor mineiro Ataulfo Alves, um dos mais bem-sucedidos sambistas nos anos de 1940 e 1950 que faleceu nesta mesma data em 1969.

Atualmente, os lançamentos de discos são feitos em plataformas de streamers, dificilmente vemos um CD físico sendo comercializado, entretanto, a era do vinil é relembrada até hoje por colecionadores e amantes de música, seja clássica ou até mesmo POP.

Muitos artistas cresceram ouvindo discos de vinil, e mesmo hoje, possuem uma relação com esse modelo musical, mesmo que a venda não seja tão forte, comparada em outros tempos.

O cantor Vitao, que hoje é um dos principais cantores da atualidade, com mais de 2,1 milhões de inscritos em seu canal no Youtube, mais de 2,5 milhões de ouvintes mensais no Spotify Brasil nos contou um pouco da sua relação.

“Eu tenho criado uma relação muito especial com disco de vinil nos últimos meses, porque fui aos Estados Unidos e comprei muitos de artistas que sempre fui fã, como Michael Jackson, AC/DC, Queen, Snoop Dogg, Stevie Wonder, Louis Armstrong, Nina Simone, comprei vários lá, mas não pude ouvir pois não tinha vitrola. Depois, viajei para o México, e o pessoal do hotel em que fiquei deixou no meu quarto uma vitrola daquelas de maleta de presente. Pensei “É agora a minha chance de começar a ouvir meus discos!”. Voltei pra casa e criei o hábito de todo dia de manhã colocar algum dos discos para tocar, e ouvir aquela sonoridade diferente de tudo que o vinil tem, com chiado, com uma definição diferente, ele soa muito diferente. E está sendo muito especial também, porque dentre esses vinis todos eu tenho o meu vinil também, do disco ‘Ouro’, que é meu primeiro disco da vida, que fizemos um lote promocional de vinis para a divulgação do álbum, e fiquei com alguns em casa e tive a chance de ouvi-los na minha vitrolinha, então é muito gostoso e é algo que faz o dia começar diferente,” diz ele.

A nova aposta do cenário musical tem nome, a Girlband Schutz Band, que também comentou um pouco sobre a relação.

Mitra: “O vinil sempre foi muito presente na minha vida desde pequenininha. Minha família tinha uma casa em Sepetiba, na zona Oeste do Rio e quase todo final de semana íamos pra lá e minha mãe levava duas amiguinhas minhas e minha irmã. Nossa diversão era brincar com os vinis em uma rádio gigante que tinha lá.
Eu gostava de ficar olhando o som, a sensação de colocar a agulha e eu amava os pequenos ruídos que faziam. Mal sabia que anos depois isso faria parte da minha profissão.
Comecei na música como DJ, eu e minha irmã formamos um duo chamado WLDZ. Tocamos rap/ hip-hop e aprendemos a tocar com toca- discos e isso foi um divisor de águas pra gente. A partir daí começamos a praticar scratches (que são os sons produzidos ao “arranhar” o disco de vinil para frente e para trás repetidas vezes em um certo ritmo em um toca-discos) e daí eu entendi porque eu sempre amei isso tudo quando era criança haha
Os primeiros vinis que eu lembro de ter contato foram do Michael Jackson, Alcione, Beth Carvalho, Jovelina Pérola Negra, outros de samba,” diz a cantora.

Maria: “Ah… os discos de vinil e sua magnitude e beleza. Pensar que nenhum processo de digitalização é necessário e nos promove uma experiência única. O LPs nos dão a maravilhosa opção de conseguir distinguir os sons e instrumentos que muitas vezes acabam sendo anulados nas músicas.O disco com certeza marcou minha vida, minha infância e minha história com a música. Muitas vezes quando criança me despertava curiosidade e carinho pela música. Além da contribuição familiar, minha família tinha coleções de lps do Michael Jackson, bandas dos anos 70,80 e 90’s. Que nostalgia lembrar quando colocávamos o disco para tocar e aproveitávamos aquele momento em família,” comenta.

Yves: “Minha ligação com os discos vem da herança do meu avô, que deixou algumas relíquias para mim (mas 80% ele doou para um cara que admirava e é outro grande colecionador: MV Bill). Ele tinha o hábito de colocar alguns discos do Outkast, The Furious Five, Jacksons etc quando era pequena e isso foi algo que fiz questão de não perder com o tempo!”

Jackie: “Acho que a forma a qual nós consumimos música é muito marcante para cada época da vida. Dependendo da nossa idade, pode representar tanta coisa diferente. No meu caso, o vinyl me lembra de uma época muito feliz, algumas das minhas primeiras memórias e meus pais contando da juventude deles. O vinil tem algo muito especial, porque o físico pode mudar o jeito de ouvir. Se uma noite o disco cai e arranha, você vai sempre ter essa marquinha e essa imperfeição na música. É muito especial. Vini para mim é bossa nova, e 50 ‘s, e arte. Para outra geração pode significar aquela volta do trend. A fase onde passou a ser moderno novamente. Acho que uma das coisas mais lindas sobre a música é essa. capacidade de marcar uma época, uma geração global ou mesmo só uma noite de uma pessoa”, completa.

Mesmo após anos e a comercialização de discos de vinil sendo baixa, conseguimos notar que essa era é marcada até hoje e registra na história da arte popular brasileira.