Na última segunda-feira (17), o Latinos Brasil conversou com produtor musical WC no Beat, precursor do trap funk no Brasil. 

Batemos um papo bem bacana com ele, falando sobre a criação e o lançamento do seu mais recente trabalho musical, o disco “GRIFF”. Este é o sucessor de 18K primeiro álbum de estúdio do músico capixaba. 

Para o novo projeto WC contou com 33 colaborações, participações nacionais e internacionais de gêneros musicais distintos. Todos esses artistas tiveram seus estilos e vozes costurados ao som do trap funk, contribuindo para o nascimento da “GRIFF” de WC no Beat

Confira a entrevista completa de WC no Beat para o Latinos Brasil!

LB: Você pode compartilhar com a gente como foi o processo criativo de “GRIFF”?

WC no Beat: Bom começou em 2018, ali depois que a gente lançou o nosso primeiro projeto o 18K. E já no embalo,  a gente já tava escrevendo o nosso segundo projeto que é o “GRIFF”

E assim foram dois anos trabalhando entre Rio de Janeiro e São Paulo,  gravando vozes, às vezes eu tinha que ta nos dois estados no mesmo dia. Eu fiz muita amizade nova nesse disco, foi uma parada que me ensinou muito! Mudou muito minha personalidade como artista, me aprimorou mais como produtor musical.

Vou te falar que foi fácil não, eu tive que abdicar muita coisa da minha vida, como tempo, família, dormir bem sabe? E assim foram uns dois anos bem pegados. Mas, eu to muito feliz porque foi muito maneiro com essa galera nova, foi uma experiência muito bacana de ter vivido. 

Basicamente foi isso, dois anos de muito trabalho e  paciência. Eu amo o que faço, cansa é cansativo, mas, fez com que eu pudesse botar uma forma mais aprimorada de mim mesmo nesse disco, praticamente muito trabalho.

LB: A capa ficou sensacional,  qual foi a mensagem principal que você quis passar com ela?

https://www.instagram.com/p/CD4GnL_AkuK/

WC no Beat: Se você olhar, você vai fixar, assim como todo mundo vem me falando. “Cara essa capa, eu olho, fico olhando  e fico preso nela”. E a sensação de estar preso em dentro de uma Grife, como se aquilo fosse uma obra de arte, saca? 

Eu trouxe essa visão de Grife porque se você olhar todas as participações do meu álbum, todas elas, você vai ter uma vitrine da hora. Foi como se eu trouxesse todos esses nomes de peso e transformasse em uma Grife mesmo. Esse lance de costurar o trap com funk, rap, samba e botar tudo isso como uma mistura solida, soando muito bem,  essa é a percepção

LB: Como foi trabalhar com artistas de diferentes estilos musicais? Pelo “line up” do álbum vemos gente do funk, rap e pagode. Como foi unir todos esses gêneros musicais no “GRIFF”?

WC no Beat: Se você coloca 33 pessoas dentro do disco, elas têm que gostar de você. Foi o que eu conquistei, conquistei meu espaço com respeito e muito amor pelo que eu faço. 

As participações especiais de “GRIFF”. Foto: Reprodução/Instagram

Todos esses amigos que conquistei nesse processo do disco, sou muito feliz de ter eles na minha vida, por que eles me ensinaram muito. Esse disco me ensinou a valorizar as amizades que você faz dentro de um gênero musical. Por que eles estão vindo para o seu mundo, sabe, você trazer um cara do samba, ele sentar no estúdio e fazer uma música com você,  primeiro porque ele gosta de você como pessoa e por gostar de você produzindo, não tem preço que pague.

Eu conquistei tudo isso com humildade, sagacidade e eu sou isso aqui mesmo. Não ligo pra essas coisas de fama, dinheiro, atenção. Eu ligo mais em fazer música boa com os meus amigos.  Isso fez que eu conquistasse todo esse respeito da galera que participou desse disco, da produção, quanto do rap, do mainstream  quanto do trap

Esse disco tá muito misturado porque eu tive que aprender primeiro. Toda a galera tem a sua vibe e misturar com a outra vibe de uma pessoa que fala a mesma linguagem que ela,  tem que estudar isso, para que você possa fazer uma música solida. Por que você sabe que vai misturar Anitta com Djonga e PK e que vai ficar legal, que todos os três falam a mesma linguagem em diferentes estilos musicais. 

LB: Agora falando da divulgação do álbum, ela tá sendo bem inovadora, o Instagram que sumiu, as charadas, os jogos. De onde surgiu a ideia para a comunicação do lançamento? Já é uma forma de conectar o público ao seu novo trabalho musical?

WC no Beat: A gente tá no meio de uma pandemia, as pessoas estão sedentas por música e todas elas estão conectadas no telefone. O que eu fiz junto com as minhas duas gravadoras a Medellin Records e a Sony, a gente veio com esse marketing de causar primeiro a confusão e depois a curiosidade nas pessoas. Essa foi a nossa proposta, que deu muito certo.

Tá todo mundo participando de todos os jogos que eu fiz. Desde quando eu arquivei todas as minhas fotos do Instagram e comecei com aquele número retroativo. Isso causou uma confusão nas pessoas, porque elas olharam e pensaram o Instagram do WC tá raqueado? Mas aí elas foram ver que estavam vindo números, números retroativos. A pessoa começou a ter curiosidade de saber o que era, então foi isso que o nosso marketing quis causar.

Lógico que a gente quer estar conectado o máximo possível com o nosso público, ainda mais agora que tá todo mundo em casa com telefone. A gente fez as brincadeiras para as pessoas se entreterem, funcionou demais, essa nossa linguagem nova de marketing. 

LB:Você já trabalhou com artistas latinos como o Izaak e o Drefquilla, que são do trap, mas como foi a colaboração com o Reik, é uma banda de pop latino? O que você pode adiantar desse som?

WC no Beat: É uma música que não foge do estilo deles, mas, também não foge do meu estilo que é o Trap Funk. Eu trouxe eles para o meu mundo, sem mudar muito o mundo deles.

Por que dali a gente montou uma faixa com o Dilsinho, que sensacional. E Assim você pega o Dilsinho e o Reik, os dois cantam música romântica. O meu trabalho consiste em misturar, eu nunca posso fazer um estilo totalmente só funk, tem que fazer um funk e um trap. Eu coloquei o Felp 22  dentro dessa música que também tem love song,  e os três falam a mesma língua e a questão da vibe que eu tava te dizendo. 

O Reik quando ouviu o som já ficou louco, já quis logo gravar no mesmo dia, já pediu a base, tipo assim foi mágico. Quando eu recebi as vozes deles eu não acreditei, cara ele ta cantando uma base minha. Meu Deus do céu, o que eu to fazendo da minha vida! Sério? Eu consegui trazer essas participações através da minha música! 

LB: É muito gratificante né?

WC no Beat: É muito maneiro, tá demais, é uma parada que arrepia quando você ouve.  Eu falo assim, cara como que eu consegui fazer isso sabe? Só questão de dedicação mesmo, usar a criatividade, eu usei tudo isso ao meu favor.

Lógico que ter a participação do Reik dentro de um som, é trazer a cultura deles pra cá e levar nossa cultura pra lá. E não é só essa participação internacional que tem no disco, a gente tem a presença do Preto Show que é o único africano no disco, ele é da Angola, é um cara que é sensacional. Eu abri as portas pra ele tá junto da gente, e ele foi com toda a humildade.

Cara tô muito feliz de estar trazendo essas participações de fora, essas culturas de fora pra dentro de um cenário meu, um cenário nosso que é o trap funk. 

LB: E costurando tudo isso no “GRIFF”, foi incrível pra você né? 

WC no Beat: É como se tornasse o CD uma grife mesmo.

LB: No caso do preto show e do Reik, a gravação foi a distância ou  presencialmente?

WC no Beat: Foi a distância, porque o Preto Show é da Angola e o Reik é do México. Se eu tivesse oportunidade de ter ido nesses dois países gravar, lógico que eu iria! Eu e a minha mochila o notebook, o microfone e a placa, mas, também veio a pandemia  e eu recebi algumas vozes depois.

Eu entreguei o disco antes da pandemia, mas, três vozes do disco eu recebi remotamente, o resto foi tudo presencial.  

LB: E para finalizar WC, você tem algum artista como influência e referência? Que você admira e gostaria de quem sabe futuramente produzir algo junto?

WC no Beat: Tem muitos na minha lista, eu não posso dizer só um porque se não vai ficar sem graça. 

LB: Pelo menos três vai. 

WC no Beat: Mas assim, eu queria muito que o Travis Scott cantasse um trap funk. A Ariana Grande, o Migos, Drake cantasse um trap funk. A  Cardi B já ta ouvindo funk, então é uma parada que a gente tá chegando lá. Então quem sabe um dia essas colaborações podem vir a tona.

LB: Recentemente o Kevin O Chris gravou com o Drake né, já é uma oportunidade no mercado musical brasileiro. 

WC no Beat: Quer saber uma curiosidade? Eu tava no dia que o Drake mandou o número de telefone dele para o Kevin O Chris. Ele tava comigo no estúdio, eu vi os dois conversando. Eu conheci o Drake através da Anitta, conheci ele pessoalmente.  

Então a gente tá chegando lá, vai chegar um momento que os caras vão querer muito som com a gente.

**Créditos foto destaque: Gabriel Dias