Mexe, mexe, mexe com as mãos, Chiquititas! Mexe, mexe, mexe com os pés, Chiquititas! ♫ ♪

Se você tem pelo menos 20 anos, com certeza já ouviu essa música em alguma fase da sua vida. E ela veio da novela Chiquititas que foi transmitida entre 1997 e 2001, pelo SBT, com um total de cinco temporadas, e até hoje é lembrada por uma geração que cresceu junto com a garotada do orfanato Raio de Luz.

Mas como uma novela que saiu do ar há 20 anos ainda segue no coração e na mente de seus telespectadores? Vamos começar do começo?

Foto do Twitter Oficial @soycrismorena

Chiquititas é uma estória original da Argentina. Na verdade, quase todas as novelas que conhecemos por aqui por serem mexicanas, vieram dos nossos hermanos. Carrossel e Rebelde são alguns exemplos (mas essa é uma história para outro Precisamos Falar Sobre).

A responsável por essas tramas inovadoras e que nos conquistaram é Cris Morena, que é atriz, cantora, compositora, produtora, apresentadora e escritora argentina. Trabalhou durante anos para o canal argentino Telefé, mas desde 2002 tem sua própria produtora: Cris Morena Group, sendo uma das empresas mais respeitadas no meio de produção e crianção televisiva no segmento infanto-juvenil no mundo.

A versão original de Chiquititas foi protagonizado pela filha de Cris Morena, Romina Yan (5 de setembro 1974- 28 de setembro de 2010), que deu vida à Belén Fraga, a diretora do orfanato, e teve sete temporadas, ficou no ar de 1995 à 2001. No ano de 2006, Cris Morena, fez uma nova versão intitulada “Chiquititas Sin Fin” e se tornou a novela de maior duração na historia da televisão argentina. Além disso, teve seis temporadas no teatro (que superou um milhão de espectadores, sendo, também, um recorde para o teatro na Argentina) e cerca de 14 discos lançados. Ao todo, foram mais de quatro milhões de cópias vendidas.

Retirada do site Televisa Brasil.

O sucesso foi tanto, que a trama se estendeu para muitos países como Israel, Chile, Uruguai, Paraguai, Equador e Peru. Assim como o Brasil, o México realizou sua própria versão da estória, mas ao contrario daqui, não foi bem recebida pelo público, talvez por questões culturais e só teve uma temporada.

Voltando ao Brasil, a primeira versão de Chiquititas é a novela brasileira de maior duração. Foram mais de 700 capítulos, só não é a que mais ficou no ar, pois em todo inicio de ano o folhetim “tirava férias” e era substituída por novelas infantis de curta duração como Gotinha de Amor e Luz Clarita. A versão de 2013 não chegou nem perto da quantidade de capítulos e teve apenas 545.

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Foram mais de 40 atores mirins que deram vida às crianças do Raio de Luz, mas apenas os irmãos Pata (Aretha Oliveira) e Mosca (Pierre Bittencourt) estiveram presentes em todas as temporadas. Até mesmo a Mili (Fernanda Souza), a protagonista da história, sai no final da segunda temporada para viver uma nova vida com sua mãe, após isso, o papel principal passa a ser divido por Tati (Ana Olivia Seripieri),  Pata e Fran (Elisa Veeck).

As gravações foram feitas lá na Argentina  e os atores tiveram que morar por lá enquanto estavam na trama, por conta da parceria da Telefé com o SBT, que a principio iria traduzir o nome para Pequeninas, mas por ordens de Silvio Santos, acabou ficando como Chiquititas mesmo e ganhou o nosso coração.

Ganhou o coração dos telespectadores mirins por mostrar o dia-a-dia de jovens e crianças, desde o acordar ao dormir. O horário, apesar das constantes mudanças, era sempre para “competir” com os canais concorrentes que não apostavam (e continuam não apostando) em estórias voltadas aos telespectadores mirins, que se sentiam representados ao ver representações de situações que eles viviam, viveram ou viveriam algum dia.

Marcou toda uma geração por não se tratar apenas de um obra televisiva. O marketing fez de Chiquititas uma marca presente por todos os lados: materiais escolares, peças de roupa, brinquedos. Além de revistas, álbuns de figurinhas, chicletes e até água mineral. A repercussão na mídia foi tanto que as crianças do Raio de Luz passaram a fazer turnês interpretando as canções da telenovela infantil, apesar de não cantarem de fato. Como Fernanda Souza (a Mili) já disse inúmeras vezes, elas dublavam as canções. Entretanto, a personagem Carolina, interpretada por Flávia Monteiro, era a única a cantar, o que passou a acontecer a partir do sucesso Coração com Buraquinhos (um dos mais tristes da trama).

 

Muita coisa aconteceu nos cinco anos em que Chiquititas esteve no ar. Tanto entre os atores, como entre os telespectadores. Entre os atores, muitos primeiros beijos aconteceram de frente às câmeras, muitas amizades foram formadas e permanecem até hoje. Atrizes e atores cresceram ali e ganharam seu espaço na televisão brasileira. Crianças iam dormir ouvindo as histórias que Mili contava às suas companheiras de quarto e ali deixavam sua imaginação ganhar vida. Tudo vivido intensamente!

Escrevo isso lembrando de quando eu mesma jantava e ia correndo para o quarto assistir a novela, isso lá nos quatro, cinco anos de idade. Talvez quem viu a última versão que o SBT exibiu em 2013, tenha sentido um pouquinho disso tudo que a minha geração sentiu, mas é difícil medir sentimentos, não é mesmo?

Pra matar a saudade, que tal dar play na playlist do canal Chiquititas Brasil no youtube com alguns videoclipes dessa época não tão distante?!