Finalmente a terceira temporada da série nacional 3% chegou na plataforma da Netflix. Com um ano desde o término da segunda temporada, a série agora volta a espelhar de forma inteligente à primeira.

Sendo a série pioneira do Brasil produzida pela Netflix, “3%” tem agradado um porcentual bem maior que o seu título.  Sendo uma das mais vistas da empresa streaming em 2017 em termos globais, ainda há brasileiro que prefere torcer o nariz por puro preconceito, e dizer que produção boa só vem de fora.

Neste novo ano Michele (Bianca Comparato) realizou o seu desejo de ser uma das fundadoras e criou a Concha, uma nova opção para quem não consegue chegar ao Maralto e querem deixar o Continente. Neste local, há um trabalho coletivo e permite a entrada de qualquer pessoa desde que colabore com a comunidade.

Como mostrado na temporada anterior, os fundadores queriam algo oposto aos problemas do Continente, que era a busca impossível da perfeição, que como vimos trouxeram vários problemas, porém o sonho da Concha é ameaçado logo no começo, fazendo com que Michele tome uma decisão extrema, onde será necessário selecionar quem ficará ou não no local, uma especie de novo “Processo”, como foi na primeira temporada.

3% continua sendo uma série interessante que explora bastante as diferenças de classes sociais, e de como o poder mexe bastante com a cabeça do ser humano. É notável e aceitável a mensagem que ela passa, porém as vezes soa um pouco forçado em algumas situações. Algumas encenações também estão bem fora do natural, mas que não chega incomodar tanto.

Cenas de flashback também são um ponto alto desta nova temporada, que serve também para explicar alguns pontos que foram deixado de lado nos anos anteriores. Ao fazer isso, a trama entrega um amadurecimento  de seus personagens, com destaque para Marco (Rafael Lozano) e Rafael (Rodolfo Valente), e Joana (Vaneza Oliveira), que convenhamos, desde o início da série rouba o protagonismo inúmeras vezes só pra ela.

Divulgação Netflix

Aqui o feito da Joana se repete. Sempre forte e decidida, continua desconfiada de meio mundo, e não como desconfiar? Eu particularmente, como telespectador, nunca sei quem está mentindo, a troca de posições dos personagens é frequente, nada é previsível, mas tanta mudança as vezes chega incomodar.

Voltando a falar de Bianca Comparato no papel de Michele, agora está mais fácil decifrar o que se passa na mente dela, diferente da temporada anterior, mas infelizmente não tivemos cenas grandiosas destinadas a ela, pois merecia.

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Um ponto que me incomodou nesta terceira temporada foi na mudança rápida de opinião dos moradores da Concha. A humanidade é sim muitas vezes vulnerável diante de discursos de pessoas poderosas, mas na forma retratada soou um pouco artificial e exagerado, talvez seja por conta dos poucos capítulos, e isso pode ter dado  uma sensação de acontecimentos em um ritmo mais acelerado. Se tivesse mais três capítulos seria um pouco melhor.
Sem dar muitos spoilers, ao que tudo indica pelo encerramento da terceira temporada, haverá um conflito futuro que provavelmente encerrará as histórias de Michele, Joana, Marco e companhia. Há um grande potencial de ser um excelente encerramento e com uma mensagem importante ao telespectador. Vamos aguardar a confirmação da própria Netflix, pois isso é bem provável que aconteça em breve.