Novo filme com Alfonso Herrera é confirmado na Netflix
O cineasta David Pablos, diretor do filme, “El Baile de los 41”, protagonizado por Alfonso Herrera, contou em recente entrevista ao portal mexicano Expansion, que o longa estará disponível na Netflix, em todo o mundo, no primeiro trimestre de 2021 e vai encerrar o Festival Internacional de Cinema de Morelia este ano, seguindo para as salas de cinema, a partir de 19 de novembro.
Segundo o diretor, seu objetivo não é ser fiel ao acontecimento, que foi caricaturado pelos cronistas da época, mas apontar os supostos abusos e repressão sofridos por um grupo de homens, em 1901, pelo fato de serem homossexuais. “Sempre me pareceu interessante contar essa história em uma tela grande, pela representação disso num país tão machista e tão fechado. Para mim, é importante contar uma história de amor entre homens, a partir de uma parte digna e humana, não como uma caricatura, como era feito na época”, completou David Pablos.
O diretor comentou também sobre as dificuldades de encontrar apoio às películas com temática LGBT no México. Segundo ele, na hora de vender seu projeto para as empresas, para que elas concordem em apoiá-lo, viu uma grande resistência.
“Muitos não quiseram tocar neste assunto, queriam apenas fazer filmes “com uma mensagem”. Isso mostra uma visão um tanto quanto moral. Levamos um ano para encontrar empresas que estivessem dispostas a nos apoiar. Isso nunca aconteceu ao meu produtor, em nenhum dos meus projetos anteriores. Primeiro, o apoio da Cinépolis foi essencial. Posteriormente, quem ajudou a finalizar o financiamento foi a Netflix. Foi uma sorte que duas empresas como esta apoiaram um projeto como este”, completou.
Sobre o “Baile dos Quarenta e Um”
Em 18 de novembro de 1901, quatro policiais descobriram uma festa clandestina, onde estavam homens travestidos com roupas e joias de luxo. Oficialmente, 41 pessoas foram detidas e Porfírio Díaz fez o possível para abafar o escândalo, devido aos rumores de um participante número 42: seu genro, Ignacio de la Torre y Mier, interpretado por Poncho.
Apesar do governo da época ter se esforçado para ocultar o episódio em questão, já que parte dos detidos pertenciam à classe alta da sociedade porfiriana, a imprensa mexicana levou o fato à público, tornando-se assim um dos escândalos mais notórios do início do século XX.
Os que não conseguiram escapar foram algemados e conduzidos a vários quartéis próximos, sob a acusação de “ofender a moral e os bons modos”. No entanto, é importante frisar que no total foram 42 pessoas (e não 41, como colocado no nome), sendo Ignacio de La Torre a pessoa faltante.
David Pablos também comentou sobre a veracidade dos fatos, já que há pouquíssimas informações exatas sobre o que de fato aconteceu: “Sobre a história do 41, há pouquíssimas certezas, nem se pode verificar se Ignacio de la Torre, genro de Porfirio Díaz, estava lá. Existe um romance, de 1907, intitulado “A dança dos 41”. Ele é incrivelmente moralista, pois julga personagens gays e os ridiculariza. As poucas notas jornalísticas têm um tom muito parecido, beirando a caricatura. É claro que muitas das coisas são inventadas, por isso sabíamos que teríamos de ficar na ficção, para nos dar algumas liberdades. Esta é uma interpretação da história e do *Porfiriato.
Para ler a entrevista completa, clique AQUI.
Acompanhe o Latinos Brasil para mais novidades sobre o filme.
*Porfiriato – período de 30 anos em que o general Porfírio Diaz governou o México. No fim de 1911, Porfírio renunciou à presidência do México por força da Revolução Mexicana. Ele estabeleceu um governo ditatorial, contra as classes populares e favorável aos interesses do Exército, da Igreja e dos grandes proprietários rurais.