Na última quarta-feira(29), entrevistamos Nina Fernandes, de apenas 19 anos, mas que já é uma grande aposta da nova cena da música brasileira. Sua paixão pela música começou ainda na infância e hoje já conta com premiações internacionais. Nina faz parte do Selo Slap da Som Livre e hoje estará lançando seu mais novo videoclipe da música “Arroz com Feijão” , uma das faixas do seu EP “Digitando…” lançado em janeiro deste ano.

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Confira abaixo nossa entrevista completa com Nina Fernandes:

LB: Você iniciou sua carreira ainda criança. Como iniciou sua paixão pela música?

Nina: Bom, eu sempre gostei de ouvir música. Meus pais sempre foram muito muito muito fãs em casa, meu avô colecionava discos de vinil e inclusive eu herdei essa coleção e, enfim, a minha infância foi sempre muito musical. Minha mãe também por ser escritora sempre gostou de brincar com as palavras, músicas, sons, então foi uma infância bastante musical. À medida que eu fui crescendo eu comecei a pensar em seguir isso profissionalmente. Sempre gostei de musical. Tinha uma época que eu falava que queria trabalhar com isso, mas também no caminho, quando eu tinha uns 15 anos, eu fiz amigos que estavam no meio musical mais nesse universo pop brasil, na MPB e fui me apaixonando loucamente por aquilo. Eu também sempre gostei muito de ouvir música americana, aquela coisa que a gente herda um pouco de ouvir música pop norte americana e hoje em dia eu ainda sou muito fã, mas eu acho que foi naquele momento que eu me apaixonei pela música brasileira. Como é rica a nossa língua e como é bonito a gente cantar músicas em português. Então a partir daquele momento eu me senti incentivada, inclusive até pelos meninos da OutroEu, a escrever músicas em português e aí fui embora! (Risos)

LB: É muito legal porque na verdade, pelo que a gente acompanha, agora o pessoal está começando a valorizar um pouco mais as músicas em português, eles curtem muito o pop internacional, mas esse estilo das músicas brasileiras de agora o pessoal tem valorizado mais e isso é muito bom.

Nina: Com certeza! Eu acho que os artistas que estão chegando, cada um vai abrindo uma portinha pro outro e isso é muito bonito, porque a gente vai se unindo inevitavelmente e cada um vai abrindo portas um pro outro e é muito lindo!

LB: Quem foram suas principais influências e referências quando iniciou suas composições?

Nina: Bom, eu sempre costumo dizer que a minha maior referência da música brasileira, em termos de vocal e elegância na hora de estruturar a carreira, relevância até os dias de hoje, é a Marisa Monte. Muito porque ela herdou uma tradição de cantoras da música brasileira de muita “responsa”. Pós Gal Costa, Maria Betânia, Elis Regina, enfim, grandes cantoras que tiveram grandes trajetórias. Eu acho lindo que a Marisa é primeiro, a versatilidade essa coisa eclética maravilhosa do repertório e ao mesmo tempo a identidade que ela criou que é muito diferente do que todo mundo antes ou depois criou, e aconteceu de ser uma cantora que eu ouvi muito quando eu era pequena porque ela teve o auge da carreira nos anos 90 e 2000 e foi a época que eu nasci, minha mãe sempre ouviu muito então não tinha como não ser uma grande referência para mim, enfim, de cantora nacional acredito que essa seja a maior de todas.

LB: Tem alguma internacional que você queira citar?

Nina: Eu acho que o Spotify, o Apple Music, todas essas plataformas digitais são ótimas por esse motivo. A gente vai descobrindo coisas novas todos os dias. Em uma dessas minhas buscas eu descobri uma cantora que com certeza agora é uma das minhas favoritas que é a Aurora, uma cantora norueguesa. Eu conheci ela em um dos momentos mais emocionantes da minha vida. É uma menina que eu admiro demais, são músicas grandiosas, mensagens lindas, então acho que talvez seja uma referência em termos de som, de timbre, mensagem, eu acho ela grandiosa!

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LB: Seu primeiro EP foi lançado em 2017 e conta com a música “Cruel” que esteve na novela das seis e já conta com mais de 2 milhões de views. Esta mesma canção foi premiada em diversos países. Conte para nós um pouquinho de como foi toda essa repercussão e a importância disso tudo para a sua carreira.

Nina: Ela esteve na novela das seis que se chamava “Tempo de Amar”. Foi muito bonito e super inesperado também porque foi o meu primeiro single lançado da vida toda e foi uma música que eu sinceramente achei que não fosse conversar tanto com as pessoas, muito também porque ela começou com um arranjo completamente diferente do que de fato foi lançado então, eu acho que quando a gente fica muito tempo trabalhando numa música só a gente passa a se acostumar demais com aquilo e não consegue imaginar qual será reação de uma pessoa que vai ouvir pela primeira vez, mas eu acho que foi um trabalho muito lindo. Tenho muito carinho e ainda insisto muito em voltar nele porque tudo deu muito certo e me fez muito feliz. A própria gravação do videoclipe que foi feito com muito carinho por duas meninas que também estavam estreando. Foi o primeiro filme das irmãs Fridman que são as diretoras e acho que também despertou essa paixão minha no mundo cinematográfico que eu levo comigo inclusive nessa hora de gravar “Arroz com Feijão” em que o rigor estético foi a prioridade total..

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LB: Em seu mais novo EP “Digitando…” lançado em janeiro pelo Selo Slap da Som Livre podemos escutar 6 canções. Conte pra gente um pouquinho de como foi fazer todas estas composições e como foi a construção deste novo trabalho que ficou incrível.

Nina: Ai que bom!! Eu fico muito feliz com esse disco porque ele me trouxe muitas novas descobertas até no processo de gravação dele eu já aprendi muito mais do que no primeiro trabalho que eu produzi com o mesmo produtor que foi o Juliano Cortuah, então ele conhecia muito das minhas histórias e ele me ensinou muito também até a nível de produção musical, que é um universo do qual eu também me apaixonei muito e que eu também curto como carreira universitária. Eu acho que é fundamental para um artista você entender a história que você quer contar em termos de timbre. Então eu acho que essa tenha sido a grande diferença entre o primeiro trabalho que eu lancei e o “Digitando…”. Tem uma maturidade artística maior no cuidado de contar uma história com os próprios sons. Eu falava pro Juliano que parecia que a gente estava fazendo um trabalho manual porque é muito de pouquinho que a gente vai adicionando uma “camadinha”, uma coisinha ou outra e foi mágico por isso. Depois que a gente escuta a gente pensa “putz, eu faria não sei o que diferente” mas eu fico orgulhosa de saber que foi um trabalho em conjunto que me fez aprender demais.

LB: Ficamos sabendo também que você gosta de realmente entender como funciona cada coisa, todos os detalhes mínimos..

Nina: Muito!! Sou sou chata, teimosa, mas é bom. Mas claro, com muito respeito, muita humildade, até porque eu tenho a sorte de ter esbarrado com gente até agora que está há 30 anos no mercado de produção fonográfica e que entende “master blaster”. Então eu aprendi pra caramba me metendo e perguntando o que é e como que faz. Inclusive é muito por isso que eu tenho ido pra esse universo da música eletrônica. Eu fiz investimentos, comprei um sintetizador e gosto de brincar com instrumentos.

LB: A canção “Arroz com Feijão” ganhará um videoclipe com lançamento previsto para próxima quinta (30/05). Esta canção foi lançada em parceria com o duo OutroEu. Como foi o processo de escolha desta parceria e como foi trabalhar com o duo?

Nina: Bom, foi uma experiência muito linda. A realização de um sonho que já existe há muito tempo. Na verdade desde antes de eu enfim começar a minha carreira. Muito por que eles são esses amigos meus do Rio, que eu fiz quando eu tinha 15 anos e não tinha nenhuma música minha. Então “Arroz com Feijão” me foi apresentada já tem uns quatro anos.. E o Mike tinha essa música em fase inicial. Ele tinha feito com a Amanda, uma amiga dele super talentosa, e ele me mandou e falou “já que você não tem nenhum trabalho lançado, eu acho que super combina com você essa música e estou oferecendo ela pra você! Se você quiser, pode mudar alguma coisa..” e então eu falei pra ele “Cara! Vamos cantar juntos!” e a gente cantou naquela época, deu uma reorganizada na “parada”, só que passou um super tempo. Eu acabei não incluindo essa canção no primeiro disco. Ela ficou meio que atoa por aí e até que esse ano eu falei que desse ano não poderia passar! Eu preciso incluir ela dentro do “Digitando…” porque eu acho que ela conta uma história bonita e é uma música que, falando de forma geral, pensando em todas as outras músicas do EP, ela é uma música que fala mais com as pessoas, por ela falar da questão do relacionamento, de um casal, essa coisa da provocação tão típica da paquera. Eu falei “putz, a gente super tem que gravar essa música!”, o Mike até achou que eu queria gravar ela com outra pessoa. Eu falei “Gente! Como assim!?!? Não!! Eu quero gravar com você! Óbvio! A pessoa achando que eu ia pegar a música e levar por aí, eu hein! Óbvio que não, eu quero gravar com você!” (Risos). E foi isso, a gente gravou junto e foi demais! Foi muito bom incluir eles na minha carreira porque eles sempre estiveram lá..

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LB: As próximas duas perguntas foram enviadas pela Bella, do seu Fã Club @portalninaf no Twitter

LB/Bella: Sobre o seu novo videoclipe de “Arroz com Feijão”. Você teve alguma inspiração em algum outro clipe ou em algum outro artista?

Nina: Eu sinceramente acho que a maior inspiração talvez tenha sido o padrão que a gente criou para os outros videoclipes em termos estéticos. Mas não sei se a história.. Não sei se eu me inspirei literalmente em algum outro artista. Eu acho que tem um pouco dessa ideia que está um pouco na moda, essa coisa do “cute but psycho”, essa coisa meio tipo fingimos que tudo é muito fofo, muito lindo mas não exatamente. Tem coisas mais profundas. Eu acho que outros artistas exploraram isso de outra maneira. Lembrando, assim, da minha cabeça, eu lembro do videoclipe da Taylor Swift “Blank Space” que ela dá a louca, destrói o carro do cara, sendo que antes ela está em um relacionamento com ele de muito amor, muita paixão e no final do videoclipe ela enlouquece e decide se vingar dele. Então eu acho que essa estética talvez tenha sido explorada por outros artistas, mas literalmente eu não consigo pensar..

LB/Bella: Como você está se sentindo com toda a visibilidade que vem conquistando com o lançamento do novo EP e com todas as participações em festivais, como o NAVE e o lollapalooza?

Nina: Aah eu to muito feliz! Eu acho que a participação nos festivais foi uma mudança chave extremamente emocionante pra mim esse ano porque me fez perceber, eu que sou uma artista ainda pequena que está começando, acho que a gente acaba trabalhando sempre muito em rede social, e é incrível isso e acho que aproxima a gente de pessoas que gostam do que a gente faz. Isso é maravilhoso! Mas por outro lado às vezes dá uma dimensão pra gente de que a coisa está muito só dentro do telefone e quando você faz show, e principalmente pra quantidade de gente que eu tive a chance de fazer no NAVE e no Lolla com essa participação super legal, você tem a noção de que é real e é uma coisa maior. Acho que música é isso, nada se compara a essa sensação de você tocar ao vivo, de você cantar em cima de um palco pra alguém que está ali te olhando, está diante dos seus olhos. Não é somente em um vídeo, em uma tela, só na TV, enfim, é mesmo pessoalmente, é uma energia que não tem comparação. Eu acho que é por isso que eu gosto de fazer o que eu faço. Pelo que eu sinto que vai ser a reação das pessoas. Se conectar desse jeito pessoalmente e não por vídeo.

LB: Ainda sobre “Arroz com Feijão”, o que podemos adiantar para os fãs e qual foi a mensagem que você quis passar com o videoclipe?

Nina: Eu acho que a mensagem principal é de que nem sempre as coisas são como a gente imagina. A música ela fala muito sobre isso. Uma música que parece ter um astral de casal que se provoca e é tudo muito perfeito, muito lindo, mas no fim das contas se formos parar para pensar a rigor na interpretação da música ela é um pouco frustrante, um pouco triste, porque é um sentimento que não é exatamente recíproco de amor. É uma menina que gosta de um cara que não dá muita bola. Então com o cuidado na direção de arte e com a fotografia a gente quis inserir um storytelling, uma narrativa com pequenas esquetes, pequenas histórias, mas focado em uma grande história, que inclusive exigiu que eu fosse atriz e o Mike também. Nós dois lá tentando, pra gente chegar no “grand finale” que é um final inesperado e meio tragicômico, brincando um pouco com essa quebra da expectativa. Nem sempre o casal que a gente acha que é super perfeito, brincando em um parque lúdico e fantasioso é exatamente o que a gente imagina que ele é.às vezes rola um stress bem pesado que culmina em um final trágico.

LB: Conte pra gente um pouquinho mais sobre como está sendo o seu trabalho com a Som livre pelo selo slap.

Nina: Muito bonito! Eu to lá com eles já tem um ano e pouco e acho muito a gente ter um espaço para artistas desse lugar na MPB. Acho bonito ter um selo só pra isso. Eu to bem acompanhada, inclusive fico emocionada de saber que eu estou ali com o Silva, com a OutroEu, a Ana Vilela, com todos artistas que eu admiro muito e acho legal eles terem esse espaço pra gente contar essa história dentro de um brasil que é tão diverso musicalmente. Porque eles são uma das maiores gravadoras, se não a maior.

LB: Você tem feito diversas colaborações, pensa em fazer alguma colaboração internacional? Se sim, com qual artista você gostaria de colaborar?

Nina: Olha, meu sonho de princesa da vida, mas não precisa ser agora, pode ser daqui uns 3 ou 4 anos é colaborar com a Aurora de alguma maneira. Não sei nem como, mas só de ter alguma coisa produzida por ela já seria maravilhoso. Talvez ela seja hoje uma das minhas maiores referências internacionais. Então meu grande sonho de parceria seria ela.

PING PONG

LB: Uma música que não pode faltar na sua playlist?

The River- Aurora

LB: Um Sonho?

O que eu estou vivendo agora

LB: Uma qualidade sua?

Perfeccionismo

LB: Um defeito?

Perfeccionismo também eu acho.. (risos) Talvez o atraso também.. Eu sou uma pessoa muito atrasada e isso é péssimo..

LB: Uma palavra que defina o resultado de “digitando…” para você?

Cuidado e detalhe

LB: Um recado para os seus fãs?

Um beijo gigantesco para os meus Nináticos, por quem eu tenho tanto carinho, faço tudo com tanto amor. É pra vocês que eu faço e to muito feliz de estar lançando esse videoclipe pra vocês e que também tem um pouquinho de vocês ali. Muito feliz também de poder encontrar com alguns pelo brasil, agora dia 14 temos um show no Solar de Botafogo, no Rio, e to feliz de estar podendo encontrar com alguns. Um beijo!

Ouça o EP “Digitando…” através do link: https://slap.lnk.to/Digitando 

Assista ao videoclipe de Nina Fernandes part. OutroEu – “Arroz com Feijão” :

Assista também o videoclipe de Nina Fernandes “Cruel”: 

Entrevista por: Gabriela Perez

Agradecimento: Som Livre