O documentário Expresso, dirigido pela artista e cineasta Daniela Machado, traz à tona uma temática sensível e urgente: os desafios enfrentados por jovens que passaram pela Fundação CASA, a antiga FEBEM/SP. O filme, que estreou com grande sucesso no Brasil, foi selecionado para a 2024 edição do New York Brazilian Film Festival, evento que acontecerá nos dias 08, 09 e 10 de novembro, em Nova Iorque.

O documentário é uma obra visceral e profundamente humana, que acompanha a jornada de quatro jovens artistas – MC GH da Capital, Ruby, Marketing Revoada e Anny Ferreira – enquanto lidam com os traumas e os obstáculos que surgem após a experiência na Fundação CASA. A produção dá voz aos seus protagonistas, permitindo que compartilhem suas histórias de luta por dignidade e melhores condições de vida em um país onde as opções para jovens em situação de vulnerabilidade social são limitadas.

Daniela Machado, que conheceu de perto a realidade da Fundação CASA, viveu um passado difícil que a levou, aos 16 anos, a ser internada na instituição. Durante sua permanência, ela teve contato com o mundo das artes, o que desempenhou um papel crucial em sua transformação pessoal. A partir dessa experiência, Daniela desenvolveu um olhar apurado sobre as questões sociais e passou a investir em projetos voltados para a educação e a reintegração de jovens em risco. Em 2020, ela criou o Projeto Expresso, uma iniciativa de arte e educação para jovens ex-internos da Fundação CASA.

O documentário é resultado desse projeto e oferece uma reflexão honesta sobre a realidade desses jovens, abordando não apenas suas vitórias e sonhos, mas também os impactos da falta de recursos, da marginalização social e das limitações impostas pelo sistema. Ao invés de buscar uma visão romantizada da juventude periférica, Expresso coloca em destaque a complexidade das questões econômicas e sociais, e a importância de se olhar para esses jovens com empatia e apoio.

Além do impacto emocional das histórias contadas, a obra de Daniela Machado também busca questionar o tratamento dado a esses jovens, que muitas vezes são estigmatizados pela sociedade e pelo próprio sistema de justiça. “O filme busca resgatar a humanidade de seus protagonistas, que, como eu, tiveram suas vidas atravessadas por um braço do sistema penitenciário brasileiro”, diz Daniela.

O documentário Expresso já foi amplamente aclamado pela crítica e agora ganha ainda mais relevância ao ser exibido em um dos maiores festivais de cinema brasileiro no exterior. Em um momento de crescente conscientização sobre as questões de justiça social e direitos humanos, a obra promete gerar importantes reflexões sobre a juventude marginalizada no Brasil e as possibilidades de transformação por meio da arte.