Como a música latina conseguiu alcançar números tão expressivos?
A variedade de sons, ritmos e danças mostram a riqueza e a pluralidade de culturas que existem na América Latina. Porém, mesmo com estilos que agradam diversos públicos, a música latina passou por momentos de grande preconceito e hoje em dia consegue quebrar inúmeras barreiras para chegar no patamar atual.
Visto como um ritmo jovem, o reggaeton foi o que mais passou por preconceito. Não só fora, mas também dentro do mercado latino. Por exemplo, em Porto Rico, seu país de origem, houve movimentos que pediam restrição, mesmo processo do funk no Brasil e que agora está em fase de maior de aceitação. Além disso, pelo grande teor sexual das letras e danças e por ter origem em lugares periféricos, era marginalizado. Porém, o ritmo teve uma readaptação ao mercado e hoje existem artistas com propostas diferentes do reggaeton original, ajudando na consolidação nas rádios e a inserção na rotina dos estrangeiros. Hoje em dia, possui espaço nas festas, na televisão, importantes premiações e nos maiores eventos esportivos do mundo.
A globalização, que refletiu também na música, e a ascensão das plataformas de streaming (como Spotify, Apple Music e Deezer) foram cruciais para o mercado latino obter um crescimento muito rápido. Entre 2014 e 2017 o reggaeton foi o ritmo que mais cresceu em reproduções totais no Spotify, com um aumento de 119%. Passamos de Gasolina, primeiro hit do gênero e que iniciou a conquista de espaço na indústria, para 2017 quando Despacito ganhou o mundo e ajudou na consolidação do estilo. O hit abriu portas para os ritmos latinos, que antes faziam sucesso isoladamente, como a música Macarena, e principalmente para o reggaeton. O crescimento também tem relação com o acréscimo de músicas em espanhol nas playlists das plataformas e parcerias com artistas de estilos diferentes, como Rick Martin e Maluma, que também já gravou com a Madonna. Além disso, houveram grandes remixes com Daddy Yankee e Katy Perry ou Justin Bieber e J Balvin, que inclusive possui um com ninguém menos que Beyoncé. Com o mercado latino em alta e dominando as paradas, consequentemente os artistas internacionais ficaram mais atentos para se inserirem e ganharem espaço nessa categoria da indústria musical.
Os grandes do gênero sempre trabalham juntos e repetem parcerias, como é o caso de Maluma e Shakira, que inicialmente não tinha o reggaeton em seu repertório e passou a adaptar também. Essa união ajudou na formação de artistas e na readaptação de outros. Prova disso é que antes o mais conhecido reggaetonero era Daddy Yankee. Hoje em dia, ele tem a companhia de J Balvin, Bad Bunny, Nicky Jam, Karol G, Ozuna, Natti Natasha e vários outros que são consagrados, assim como artistas vindos de outros gêneros como a brasileira Anitta. A verdade é que os artistas do reggaeton se apoiam e crescem juntos, e como dizia o chefe de conteúdo e relações da indústria at Deezer for Latam, Mauricio Mendoza, “Não há outro gênero que trabalhe tão unido como o Reggaeton”.
Fato é que após anos de domínio de músicas na língua inglesa, outros ritmos e línguas tem destaque. Sendo assim, possibilita uma visibilidade maior e a exportação para um mercado aberto e cada vez mais interessado no diferente e original, como ritmos com pouco reconhecimento. Inclusive, qual será o próximo? Será que o funk também explodirá internacionalmente?
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